Honestidade acima de tudo, Descaso na escolha pra todos
- Augusto Casoni
- 22 de ago. de 2022
- 3 min de leitura
Hoje é dia 22 de agosto de 2022. Um Brasil pós (durante) pandemia ainda agoniza um estrago que deve demorar muito para ser desfeito. Não falo das mortes, dos doentes, dos inúmeros lutos. Acredito que teremos capacidade para reconstruir em cima das perdas importantes. Eu falo sobre um fato que ocorreu em 2018. A eleição de uma figura que é muitas coisas, mas talvez a mais simples de rotular seja: desagradável e má.
E é sobre isso que escrevo. Sobre o porquê, em algum momento, grande parte da nossa população, notou a existência desse homem e resolveu colocá-lo no posto de mais alta responsabilidade de uma sociedade.
Não quero, aqui, discutir nenhum feito político, muito menos mostrar dados reais sobre nada. Acredito que combater informações erradas é muito difícil e exige muito esforço e muito embasamento em dados concretos, mas pior que combater a desinformação é combater o orgulho de não se informar (que representa ele e seus apoiadores). Afinal, se alguém não se baseia em nada sólido para firmar convicções, como é possível contestá-lo com a realidade? Não é.
Então, o caminho que vou seguir é uma simples pergunta. Você, apoiador ou não, você acha que o presidente é uma pessoa bacana? Você convidaria ele para sua casa? Você o deixaria ter uma conversa com seu filho, com seu irmão, sei lá, com a sua mãe? Acho que é uníssona a resposta que não. Se você responde que sim, talvez você deveria pensar sobre o que as pessoas responderiam das perguntas que fiz acima se fossem sobre você...
Mas, sigamos o raciocínio. Tendo isso como ponto pacificado, “ele é uma pessoa desagradável, que não se importa em fazer o mal a outras pessoas e não mostra remorso nisso”, o que levaria alguém a votar neste ser humano? Acho que uma explicação que constantemente repetimos a nós mesmos é que “o ideal anticorrupção” foi o responsável pelo ocorrido. Muitas pessoas realmente acreditaram que este ser humano, que não se compromete em nenhum momento com a verdade (pelo contrário, rebate o bom senso e a coesão como um tenista profissional), poderia ser responsável por organizar um governo honesto.
Além de já parecer um absurdo considerar isso como possibilidade, dado o histórico de declarações estapafúrdias do sujeito, a realidade escancarou sua farsa: vários ministros seus foram afastados, quando não por incompetência, por corrupção mesmo. Mas, como eu disse, eu não vou falar sobre política.
Meu ponto é, suponhamos que, de fato, num mundo imaginário onde unicórnios existem, baleias flutuam e eu sou um baita camisa 9, o governo dele não tivesse sido corrupto. Tivesse, inclusive, sido o mais transparente da história. Teria valido a pena?
Quantas pessoas morreram pela sede de conflito do presidente? A flexibilização do porte de armas fez quantas vítimas? O discurso bélico e armamentista de “fuzilar a petralhada” fez uma vítima real muito recentemente (um homem baleado após troca de tiros em sua festa de aniversário). Quantas mortes não poderiam ter sido evitadas na pandemia se a postura do “machão que não tem que ter medo de uma gripezinha” não fosse trocada por uma postura combativa do contágio? Imagino que tenha sido muito fácil esconder a covardia atrás de um discurso de masculinidade. É muito menos trabalhoso reafirmar sua masculinidade do que colocar suas convicções em cheque e tentar fazer algo para ajudar alguém diferente. No fundo, a postura do presidente na pandemia se resume a isso: um covarde se escondendo atrás de um discurso de “macheza”.
E aí que eu ressalto: em que momento valores como “coragem”, “gentileza”, “hospitalidade”, “educação”, “simpatia”, “zelo”, “compreensão”, “AMOR” mesmo, ficaram atrás apenas e tão somente de “honestidade”? Porque me parece que é isso que uma enorme parte de nossa população fez: relegou tudo e optou apenas por uma qualidade (ainda que imaginária). O Brasil elegeu uma ilusão de HONESTIDADE e, ainda que, para alguns, a tenha recebido, recebeu nesse pacote COVARDIA, DESCASO, VIOLÊNCIA, DESPREZO, DEBOCHE, só para ficar nos fatores mais leves.
Em que momento a honestidade passou a ser o único valor importante? Ou mais importante que os outros? E até quando vamos fingir que todos os outros não importam? O quanto é possível suportar mais essa pessoa desprezível? Por que nos deixamos representar por isso?
Honestidade não me resume.
Não sei quanto a você, mas eu gostaria de ter representantes que tratem os outros com carinho e respeito e têm mais qualidades além dessa. E se você não enxerga a falta desses valores, eu só posso lamentar a pessoa que você se tornou.
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