Besteirinha de meio de semana – 4 amigos e um vídeo-game
- Augusto Casoni
- 13 de set. de 2022
- 3 min de leitura
Essa semana, uma de nossas tarefas na faculdade foi produzir um texto em espanhol sobre uma foto que separamos para um seminário. A temática era escolher uma imagem que “falasse por si”.
Claro que eu escolhi uma imagem sobre a qual eu tinha que explicar muita coisa, fugindo completamente ao tema. Mas foi ótimo.
Escolhi a caminho da faculdade, no ônibus, algumas horas antes de entrar na sala de aula. Scrolei todas as fotos que tinha no álbum do meu celular e acabei esbarrando na que ilustra o post de hoje. Não sei como veio parar ali, é antiga e eu nem tinha esse celular na época em que foi tirada.
O texto é pequeno e apressado. Deixo aqui quase uma mera tradução, com poucas adaptações, como um pedido de desculpas singelo pela falta de post na segunda.
Rápida ressalva: outros amigos que fizeram parte da história não estão na foto. Não me permito cometer essa injustiça com ninguém! A declaração ao fim do texto, tenho certeza, atingirá as pessoas certas!
4 amigos e um vídeo-game – ou tudo que fizemos pela possibilidade de brincar com o conhecimento
Era uma tarde de quarta quando os meninos falavam sobre a feira de ciências da escola. A diretora deu um ultimato. “Vocês têm que definir o tema até amanhã e não pensem que eu sou trouxa, lembro que já fizeram sobre vídeo-game no ano passado. Não pode ser o mesmo tema! Sem trazer joguinho pra escola mais! Vão precisar estudar direito dessa vez”.
Na verdade, não era o fato de estudar que os deixava assustados. Estudavam, ainda que mais ou menos, mas estudavam. Já estavam acostumados com o nível de exigência da escola. Ainda não tinham escolhido o tema por uma simples questão: não podiam deixar passar a possibilidade de marcarem seus nomes. Mas como conseguiriam?
Na primeira feira de ciências, com o tema “Video-games e a violência em sociedade”, puderam fazer um trabalho de pesquisa bem simples e falar sobre aquilo que mais gostavam. Até tiveram a oportunidade de construir argumentos de defesa contra aquele senso comum de programa policial de veracidade duvidosa de que “vídeo-games deixam os filhos agressivos, arredios e preguiçosos” – nem a sociologia nem a história estabeleciam nenhum tipo de relação entre violência e jogos eletrônicos. Mas, muito mais importante que toda essa baboseira séria, foi o fato de que puderam levar o vídeo-game na escola, e jogá-lo! Talvez para você isso não pareça tão incrível, mas quando você tem 14 anos, nada soa mais subversivo que isso. E eles queriam repetir o feito: “os caras que levaram um vídeo-game na escola – duas vezes”! Marcar seus nomes!
E conseguiram! Diferente da primeira vez, quando consultaram o professor de sociologia, dessa vez, pediram apoio ao prof de história. Ele topou e assim ficou fechado o tema: “O futebol na sociedade brasileira”.
E ele lá, quietinho, na última mesa. Justamente na parte da explicação em que o esporte mais famoso do mundo, após todas suas conquistas e avanços, se transforma em jogo eletrônico e ganha mercado mundialmente em todos os aparelhos de vídeo-game brasileiros. Lá na última mesa, se divertiram, em todas as tardes da feira, jogando FIFA.
Dois temas diferentes, um único propósito. E, no fim, 4 meninos felizes, uma diretora resignada e uma história contada por, pelo menos, uns 3 anos seguidos no ensino médio.
A sala em que eles apresentaram o trabalho foi a mais visitada. A amizade que tinham, dura até o momento em que este texto é escrito. E espero que continue durando por muito mais anos de outros ensinos médios, de outros alunos, de nossa mesma escola. Assim como por muitos anos mais de nossas vidas. Amo vocês meus amigos.
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