Acomodado, mas eloquente!
- Augusto Casoni
- 10 de jan. de 2023
- 2 min de leitura
Uma das ideias iniciais deste MODESTÍSSIMO "blog", era, eventualmente, produzir alguns comentários sobre as leituras que estivesse fazendo. No entanto, recentemente descobri o aplicativo Skoob, que recomendo a todos os leitores inclusive, e passei a compartilhar rápidos comentários lá mesmo.
Fica aqui um convite para que me acompanhem lá, e segue um rápido comentário (que jamais ousaria chamar de crítica) sobre o último romance que li - Esaú e Jacó - do QUERIDASSO Bruxo do Cosme Velho!
De fato, o Machado maduro já é menos irônico e mais melancólico.
Demorei a entender que era o próprio Aires quem narrava e também era personagem secundária. Tivesse tido como sólida essa interpretação desde o começo, muitas passagens ficariam melhores.
Machado parece debochar tanto de republicanos quanto de monarquistas. O deboche do qual senti falta foi do dirigido ao leitor, que aqui parece ausente. Talvez substituído pela crueza melancólica do retrato fiel sobre o zeitgeist da burguesia brasileira da época.
Esse relato, sempre presente, aqui parece intrínseco às próprias personalidades das personagens: não apenas os afazeres são tediosos como também as atitudes frente aos acontecimentos são inócuas, despropositadas.
Flora morre de indecisão. Os gêmeos sempre tentam se conciliar e sempre desistem não muito após.
A grandeza dos filhos parece nunca chegar para Natividade, que morre sem vislumbrá-la; e Aires, quando muito, se contenta em dar alguma opinião, vez ou outra, sem nunca se importar com o resultado disso.
O que fica, ao final, é um relato melancólico de uma vida amena, e por isso tão insossa, mas com intervenções do narrador tão preciosas em muitos momentos que valem indubitavelmente a leitura!
Um Machado muito consciente de seu tempo, talvez até um pouco demais (o que lhe rouba a acidez), mas muitíssimo refinado pela idade (o que lhe adiciona eloquência).
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